Na corda bamba: denunciado por corrupção passiva, Temer não tem legitimidade para governar

 

As denúncias de corrupção passiva que atingem o presidente da República, formalizadas pela Procuradoria Geral da República na segunda-feira (26/6), colocam em xeque as mudanças no sistema previdenciário e na legislação trabalhista encaminhadas pelo governo ao Congresso Nacional. O processo vai ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal, e tende a se desdobrar em outras duas acusações: obstrução da Justiça e formação de organização criminosa.

Crise gigante – A preocupação com o destino das reformas, que são apoiadas pelos grandes veículos de comunicação do País, não é de hoje. O blog de Fábio Alves, do Estadão, por exemplo, já alertava, em matéria publicada no dia 17 de maio: ”Independentemente de comprovada ou não, a denúncia do dono da JBS, Joesley Batista, de que o presidente Michel Temer teria dado o aval para comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha mergulha o Brasil na mais grave crise desde o impeachment de Dilma Rousseff”. E mais: “Se a gravação vier a público com a voz de Temer, a crise atingirá proporções inimagináveis. E, para o mercado, o impacto será grande”.

Sacrificar direitos – O “impacto”, nesse caso, está relacionado ao custo da aprovação das emendas. Por mais que o Executivo tenha investido em peças publicitárias favoráveis às reformas, a maioria da população não se convenceu da necessidade de sacrificar direitos sociais em favor de uma recuperação econômica mal explicada e diante do completo descrédito que atinge a classe política. São várias as pesquisas de opinião que confirmam essa tendência, indicando que o caminho para a reconstrução do País passa pela suspensão imediata dos projetos de mudanças no texto constitucional. Eles são ilegítimos.