Imagem: reprodução

 

O desastre provocado ao País pelas ações inconsequentes de Jair Bolsonaro, capitão reformado que chegou à Presidência da República, é o tema de um artigo publicado no blog do Zé Beto no dia 26 de agosto. O autor do texto é Célio Heitor Guimarães, jornalista e consultor jurídico aposentado. Confira, abaixo, a íntegra do artigo.

 


O pior de todos

Célio Heitor Guimarães

 

A República brasileira, desde que passou a ser república, já teve vários presidentes desastrados, instáveis, incompetentes, canalhas, mal intencionados, tiranos… Mas nenhum igual ao atual.

O tenente Jair Messias Bolsonaro, convidado a deixar o Exército – “um mau militar”, segundo o comedido general Ernesto Geisel – com a conferida patente de capitão, no tempo em que esteve na ativa apenas desonrou as Forças Armadas, sofrendo inúmeras punições, inclusive constantes prisões. Truculento e irresponsável desde sempre, costumava criticar o comando e planejou explodir instalações militares. Foi um alívio para o pessoal da farda quando ele resolveu ingressar na carreira política, como vereador da cidade do Rio de Janeiro. Dali chegou à Câmara dos Deputados, em Brasília.

Foram trinta anos de trabalho pífio e inconsequente, alinhando-se com o chamado “baixo clero”, aliás, baixíssimo, ganhando destaque apenas pelas confusões em que se meteu e por ter sido recordista de representações no Conselho de Ética da Câmara.

Jactava-se de não ter acusações de corrupção. Mas foi alvo de várias acusações criminais. No portal do Supremo, é réu em duas ações penais, acusado de injúria e apologia do estupro por ter afirmado, na Câmara, que não estupraria a deputada Maria do Rosário porque “ela não merece”. Foi condenado pela Justiça a indenizar a parlamentar em R$ 10 mil e em R$ 150 mil o Fundo de Direitos de Difusos do Ministério da Justiça, por fazer declarações homofóbicas em um programa de TV, em decisão confirmada pelo Superior Tribunal de Justiça.  É ainda investigado pelo Ministério Público por fazer apologia da tortura e ter homenageado o coronel Brilhante Ustra, primeiro torturador da ditadura reconhecido como tal pelo Poder Judiciário.

Como pré-candidato à presidência da República, segundo publicou a Folha de S.Paulo, fez uso da cota parlamentar em pelo menos seis viagens, que custaram R$ 22 mil à Câmara dos Deputados. Foi também o parlamentar que mais gastou com correio nas três últimas legislaturas. De fevereiro de 2007 a junho de 2017, suas despesas postais custaram à Câmara R$ 870.163,98.

Como presidente é um vírus pior do que a Covid-19, pois contamina pessoas e instituições. É especialista em criar animosidade. Passa o tempo atrás de uma encrenca. Não tem a menor consciência da importância do cargo que ocupa e das consequências das palavras que diz. Não tem a menor aptidão para a administração pública. Atropela a lei, especialmente a Constituição Federal. É preconceituoso, homofóbico e machista. Odeia os homossexuais, as mulheres, os negros quilombolas, os povos indígenas, as florestas, os pobres, os doentes. Em compensação, ama milicianos armados, incendiários, posseiros de terras indígenas, mineradores irregulares e exportadores clandestinos. Sonha com a volta da ditadura. E segue a sua caminhada pavimentada na mentira, na falsidade, na deturpação dos fatos, expandindo o ódio, a intriga e o confronto com os demais Poderes, sem nenhum constrangimento ou barreira. Sente-se realizado ao proferir ofensas e palavrões, particularmente em redes sociais de desclassificada procedência. Sente-se em casa ali. Imagina que o Brasil é dele, dos militares e dos evangélicos. O resto que se dane.

Resultado: além da pandemia que nos asfixia e da inexistência de uma atuação séria e eficiente na saúde pública, a economia nacional está indo para o brejo, o desemprego, o custo de vida e a miséria atingem índices desesperadores e a educação, a ciência e a cultura merecem o mais completo desprezo de nossos atuais governantes.

Com isso, o Brasil, que já conquistara certo respeito e a consideração internacionais, ocupando lugar de destaque entre as nações em desenvolvimento, hoje é motivo de chacota e pena.

Jair Messias Bolsonaro não é apenas o pior presidente da República da história do Brasil. É também o mais preguiçoso, o mais inoperante e o mais ineficaz. Em quase três anos de mandato, não tem um ato importante em favor do Brasil. Apenas agressões à democracia.

Como uma pessoa dessas conseguiu chegar à presidência?! Simples: passando-se por arauto da decência, por vítima de uma mal explicada tentativa de homicídio e com a cobertura de uma torrente de fake news. Crédulo e mal informado, o eleitor votou em massa no Messias, pensando estar atingindo, com isso, os desmandos petistas. Atingiu o Brasil.

Só não vê quem não quer.

 

Célio Heitor Guimarães é jornalista e consultor jurídico aposentado.