Burocracia em ação: maiores centrais do País negociaram apoio ao governo em troca da preservação do imposto sindical

 

A baixa adesão à greve geral convocada por centrais sindicais e movimentos populares, no dia 30 de junho, não resultou em apoio aos projetos de reforma trabalhista e da Previdência encaminhados ao Congresso Nacional pelo governo. Pesquisas de opinião confirmam que a maioria dos brasileiros discorda das mudanças. Mesmo assim, o chamado para os protestos foi confuso. Categorias que estavam dispostas a se mobilizar receberam das direções dos seus próprios sindicatos orientação de não parar.

Leia, sobre as reformas, matéria publicada no site da Assejur.

Centrais negociaram – As negociações que beneficiaram os interesses do Executivo foram protagonizadas principalmente pela Força Sindical. Para garantir a manutenção do imposto sindical, um mecanismo de arrecadação que sustenta financeiramente entidades de pouca ou nenhuma representatividade, a burocracia se empenhou em transformar a palavra de ordem “greve geral” num chamado mais disperso: “vamos parar o Brasil”.

Menos pressão popular – A mesma linha política, embora sem a exposição a que se submeteu a Força Sindical, foi reproduzida por outras centrais (CUT, CGBT, CTB e UGT). Houve resistência de agrupamentos menores, como a CSP-Conlutas e a Intersindical, por exemplo, insuficiente para alterar o caráter parcial da greve. Com o afrouxamento da pressão popular, parlamentares do Congresso Nacional podem agora se sentir mais à vontade para aprovar as reformas. A necessidade de conter essa tendência, porém, não deixou de existir. Esse é o desafio para os setores que pretendem assegurar o debate sobre os rumos de um País em que as instituições atravessam uma crise de legitimidade gigantesca.