O Senado do México aprovou, no dia 11 de setembro, uma reforma na Constituição do país que institui eleição popular para juízes de qualquer instância. É o primeiro país a adotar uma medida do tipo. Com a aprovação, os atuais magistrados (cerca de 1,6 mil) poderão se candidatar em eleições nos anos de 2025 e 2027. Caso contrário, permanecerão em seus cargos até que os eleitos assumam suas funções. As mudanças foram propostas pelo presidente Andrés Manuel López Obrador após a Suprema Corte do México bloquear reformas que ampliavam a participação do Estado no setor energético e colocavam a segurança pública sob controle dos militares (as informações são da AFP).
López Obrador acusa a Suprema Corte e alguns juízes de estarem a serviço das elites e do crime organizado. Para aprovar a reforma, ele contou com 86 votos entre os 127 senadores presentes na Câmara Alta, dominada pelo partido governista e seus aliados. Na Bolívia, já existem eleições por voto popular apenas para magistrados das altas cortes. Os juízes ordinários são designados por um conselho de magistratura. Dessa forma, o sistema mexicano que entrará em vigor será único no mundo.
Protestos – A proposta levou a discussões e protestos por parte dos trabalhadores do Judiciário, em especial dos juízes da Suprema Corte do país, que entraram em greve. Opositores e críticos afirmam que a eleição de juízes deixará as decisões do tribunal mais suscetíveis à vontade de indivíduos com muita influência nas votações. Também temem que as mudanças ameacem o estado de direito e prejudiquem a economia mexicana ao afastar investimentos estrangeiros, principalmente os EUA.