Infelizmente, a população ainda não percebeu que tem nas mãos o remédio para os males cometidos pelos governantes. O nome dele é voto. Se não souber usá-lo, não adianta, depois, reclamar, lamentar medidas governamentais absurdas, desequilibradas e contrárias ao interesse público. Como, por exemplo, a anunciada privatização das praias, a criação de novas escolas cívico-militares ou a já aprovada transferência de parte das escolas públicas estaduais paranaenses para grupos particulares.

A verdade é que, de uma maneira geral, os governantes têm preguiça de governar. Querem o poder, mas cansam-se de exercê-lo. Vejam o caso do nosso camundongo júnior: privatizou ou quer privatizar a Copel, a Sanepar, as escolas… Se puder, privatiza também, além das estradas, os hospitais, os presídios… E fica com o quê? Com os “business”, talvez. E, depois, quer o voto do eleitor – que, desavisado e desatento, concede-lhe.

No Paraná atual, aliás, a mediocridade governamental é tamanha que assusta. Bento, Lupion, Ney, Pimentel, Richa pai, Álvaro Dias, Requião, Canet, Hosken, Parigot, Emílio Gomes, Lerner tiveram os seus defeitos e fraquezas, mas nada se compara à administração estadual de hoje. Nem mesmo durante o período de Richa filho. Nunca se viu um secretariado tão insignificante e um comandante tão sem expressão, sem obras e sem diretrizes. É um governo virtual, sem efeito real.

O meu saudoso Rubem Alves dizia que a democracia é uma obra de arte coletiva, que começa com as ideias do povo, e garantia que “votos e eleições são meios para que o pensamento do povo se realize”. No entanto, advertia o mestre que é exatamente aí que se encontra a fragilidade da democracia: “para que ela se realize, é preciso que o povo saiba pensar”. E continuava: “Se o povo não souber pensar, votos e eleições não a produzirão. A presença dos ratos (que, aqui, não se refere especificamente ao atual inquilino do Palácio Iguaçu, mas, por coincidência, encaixa-se perfeitamente) na vida pública brasileira é a evidência de que o nosso povo não sabe pensar, não sabe identificar os ratos… Não sabendo identificar os ratos, o próprio povo, inocentemente, abre os buracos pelos quais eles entrarão”.

Ao comparecer às urnas, o eleitor precisa ter analisado convenientemente os candidatos que pleiteiam o seu voto. Ver quem são, de onde vieram, com quem andam, o que já realizaram em benefício da população, e não se deixar enganar por propagandas enganosas, popularidades emprestadas e blá-blá-blá imprestáveis. Aí, certamente, não precisará fazer protestos posteriores, invadir assembleias legislativas e encarar deputados submissos ao patrão-governador, que fogem do povo e votam secretamente.

Anote os nomes daqueles que estão entregando a administração pública para terceiros particulares, com ou sem proveito próprio, e lembre-se deles nas próximas eleições. Ratos ou ratinhos nunca mais!

 

Célio Heitor Guimarães é jornalista e consultor jurídico aposentado.