O argelino Albert Camus (1913-1960) é considerado um dos maiores nomes da literatura de língua francesa de todas as épocas. Em 1947, lançou A peste, novela sobre as reações de autoridades e habitantes de uma cidade diante do caos provocado por uma doença desconhecida e altamente contagiosa. Na década de 1980, uma edição especial da obra foi publicada no Brasil, com tradução de Valery Rumjanek. A apresentação do livro resume: “Uma catástrofe social toma conta da cidade. Como reagem as autoridades e o povo, os ricos e os pobres? Qualquer que seja a classe social dos indivíduos, a maioria deles tentará no início ignorar o problema. Quando o perigo se mostra inadiável, serão muitos os que buscarão saídas individuais, ignorando a coletividade. Só alguns, na verdade, sentirão vergonha de se salvarem sozinhos, e procurarão juntar esforços para lutar contra o mal.” O contexto do pós-guerra está presente na narrativa de Camus. “[…] O nazismo e as mazelas individuais e sociais que ele expôs são o grande tema [do] livro”.

 

Gripe espanhola: entre 1918 e 1920, doença infectou 500 milhões de pessoas em todo o mundo. Na década de 1940, Albert Camus publicou o livro A peste, alegoria sobre uma catástrofe social e sobre as reações de autoridades e habitantes de uma cidade diante da crise  

 

 

Isolamento e negação – Para o filósofo Alain de Botton, porém, Camus não escreveu sobre uma peste em particular, nem tampouco se limitou a fazer uma metáfora sobre a ocupação nazista da França. “Ele se interessou pelo tema porque pensava que os incidentes históricos reais aos quais chamamos pestes não passam de concentrações de uma precondição universal, instâncias dramáticas de uma regra perpétua — que todos os seres humanos correm o risco de ser exterminados aleatoriamente a qualquer momento, por um vírus, um acidente ou as ações de nosso próximo”. Na realidade contemporânea, de ameaça do Covid-19, a necessidade de isolamento social, apontada em estudos especializados, ainda encontra resistência em setores que se negam a admitir a existência e os riscos da pandemia. Nesse sentido, a descrição de Camus é bastante atual. Para abordar o assunto, as redes sociais da Assejur (veja, acima, como acessar) publicaram três partes do livro. Os trechos servem de reflexão sobre os dias de crise.

 


Confira trechos do livro publicados pela Assejur