Os impostores

 

Não eram o Exército os oito homens que mataram o músico no Rio. Agiam com disciplina militar, vestiam fardas do Exército. Dispararam com fuzis do Exército os 80 tiros que mataram o músico, foram presos por seu comandante e serão julgados pela justiça militar. Não são o Exército, porque o Exército é o povo e o povo não mata a si mesmo.

A primeira frase tem dono, que já identifico. As frases seguintes são a conclusão lógica da primeira. Conclusão necessária, a menos que a lógica tenha sido revogada como ferramenta de pensar no pacotaço que eliminou recentemente as regras formais de tratamento oficial e instituiu o ensino em casa, à distância do professor.

A primeira frase quebra paradigmas do pensamento ocidental, em tradição linear desde os pré-socráticos até os idealistas alemães, desde a escola de Mileto até as universidades que tiveram Hegel no quadro docente. A primeira frase tem autoria. A primeira frase bloqueia a funcionalidade do cérebro humano.

A primeira frase é atribuída ao presidente da República. A frase, no entanto, é falsa na forma, no conteúdo e na autoria, como demonstro a seguir. Perdoem por insistir em pensar. É o que me resta como cidadão brasileiro. Se os soldados não eram o Exército, esse presidente não é o presidente.

O suposto presidente veste faixa, assina como tal, tem o topete, embala os zeros-à-esquerda, calça o chinelão raider e come pela mão de Olavo de Carvalho. Que faz loucuras e envergonha o Brasil desde janeiro passado. É o impostor que assumiu a identidade na UTI do Hospital Albert Einstein e permanece na personagem de Jair Bolsonaro.

 

Rogério Distéfano, no blog O Insulto Diário.