Cida Borghetti: governadora articulou no Legislativo para que projetos de reajuste salarial ao funcionalismo não fossem votados pelo plenário

 

Como já era esperado, a Assembleia Legislativa do Paraná não votou nenhum dos seis projetos de reajuste salarial a servidores na sessão de 4/7 (quarta-feira). Numa sucessão de manobras, a governadora Cida Borghetti (PP) e sua base empurraram mais uma vez com a barriga a análise das propostas. Até segunda ordem, portanto, o funcionalismo de todos os órgãos e Poderes do estado terá 0% de reposição.

O governo tem alegado que é impossível repor a inflação dos últimos 12 meses, calculada em 2,76% (quanto mais os 11% já acumulados desde que o Paraná deixou de repor a inflação). Mas tem receio de colocar o projeto que prevê reajuste menor e perder para a oposição – que, com vistas no processo eleitoral, defende que é possível dar os 2,76% e tenta pressionar o governo.

No início da tarde, foi cancelada a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) que daria o parecer sobre a proposta de 1% oferecida por Cida. Na sequência, ela encaminhou uma emenda estendendo o porcentual a um grupo de funcionários que havia ficado de fora do texto original. Com isso, ganharia pelo menos 48 horas na tramitação da matéria, jogando tudo para a semana que vem. Para sacramentar, retirou o regime de urgência do projeto.

A oposição e a bancada liderada por Ratinho Jr. (PSD) chegaram a solicitar a volta do regime de urgência, mas o requerimento sequer foi votado. Logo no primeiro item da pauta, a sessão caiu por falta de quórum. Das 28 presenças necessárias, só 19 deputados registraram voto.

A situação revelou certo amadorismo dos parlamentares que têm defendido o reajuste. Apesar de 31 terem assinado uma emenda ampliando o reajuste do Executivo de 1% para 2,76% − a exemplo dos demais órgãos e poderes −, 13 deles sequer votaram na abertura da pauta do dia, deixando a ver navios as dezenas de servidores que lotavam as galerias do plenário.